...Que fui defender a minha tese de licenciatura...
Era um tema tão interessante, que passados 13 anos ainda ando às voltas com esta bosta!
Eu e as minhas 3 colegas - "as porcazinhas" - levámos o santo Verão aos pontapés com o defunto Rendimento Minimo Garantido e a inserção dos beneficários... Tivemos a ajuda preciosa de 3 pessoas ligadas à coisa:
- o Dr Francisco Branco, director à epoca do ISSS Lisboa(Instituto Superior de Serviço Social) que lá nos ia abrindo as portas;
- O Dr Edmundo Martinho, à epoca uma das cabeças pensantes da coisa;
- O Dr Paulo Pedroso, à epoca Secretário de Estado que nos sugeriu consulta de legislação francesa, belga... até espanhola...
Andávamos embevecidas com aquela medida de Politica Social... eram os projectos piloto, era a filosofia... E nunca esqueci que se deveria privilegiar "as medidas de alfaiate" em detrimento das "medidas pronto-a-vestir"... Era bonito... um sonho!
Foi há 13 anos que saí da universidade e lembro-me como se hoje fosse que, no regresso a casa, nos 50 km que distam de Beja a Messejana, eu me senti perdida... "Meu Deus, o que é que eu vou fazer??? Eu não sei fazer nada!!!"
Não tinha experiência, não sabia nada, estava apavorada e desejava muito trabalhar, sair de casa dos pais, fazer-me á vida...
13 anos depois estou a trabalhar com o Rendimento Social de Inserção, deixei de acreditar na filosofia da coisa, trabalho que nem uma camela, vão-me reduzir o ordenado, vão deixar de pagar ajudas de custo e horas extrordinárias, os impostos vão crescer, não tenho gajo, não tenho filhos, e estou mais do que casada com o banco... e há para aí umas fundações que andam a afundar este quintal à beira mar instalado, e uns marmanjos montados em brutos jipes audi, chevrolet, bmw... e eu penso... mas que bosta... não há dinheiro???
13 anos depois... estou na mesma! Ou quase...
Em 13 anos perdem-se muitos sonhos e muda muita coisa na vida. Compreendo-a, mas eu continuo a acreditar na "filosofia da medida", acho é que andamos com grande falta de filósofos e que isso nem sequer é independente das outras coisas que agora a apoquentam.
ResponderEliminarNa parte que me toca, adorei esses tempos em que se experimentava tanta coisa nova e se tentava abrir portas a todos os que queriam ajudar a pensar e a fazer inovação social.
Este ano vai cinzento, mas a vida tem tantas fontes de luz, garanto.
Cumprimentos
Paulo Pedroso
Caro Dr Paulo, obrigada pela sua ajuda! E digo-lhe sempre fui sua fã...
ResponderEliminarSabe porque deixei de acreditar?
Porque se deixou de olhar para as pessoas e só se olha para números.
Adoro o que faço e Serviço Social corre-me no sangue, faz parte de mim... mas deixei de ter tempo de o praticar, de o exercer, para diariamente ser economista, ou fiscal, ou gestora... eu que sempre detestei matemática!
Depois, falta a palavra agradável dentro da "nossa casa laboral"... vivemos tempos conturbados, será???
Eu não sou tão pessimista, não sou nenhum "velho do restelo"... mas sinto-me verdadeiramente "carne para canhão"!
De qualquer das formas, deixe-me dizer-lhe que as medidas de alfaite NUNCA foram colocadas em prática por incapacidade das instituições locais...
Mais uma vez, obrigada!