Quantidade de Espreitadelas

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Foi há 13 anos...

...Que fui defender a minha tese de licenciatura...
Era um tema tão interessante, que passados 13 anos ainda ando às voltas com esta bosta!

Eu e as minhas 3 colegas - "as porcazinhas" - levámos o santo Verão aos pontapés com o defunto Rendimento Minimo Garantido e a inserção dos beneficários... Tivemos a ajuda preciosa de 3 pessoas ligadas à coisa:
- o Dr Francisco Branco, director à epoca do ISSS Lisboa(Instituto Superior de Serviço Social) que lá nos ia abrindo as portas;
- O Dr Edmundo Martinho, à epoca uma das cabeças pensantes da coisa;
- O Dr Paulo Pedroso, à epoca Secretário de Estado que nos sugeriu consulta de legislação francesa, belga... até espanhola...
Andávamos embevecidas com aquela medida de Politica Social... eram os projectos piloto, era a filosofia... E nunca esqueci que se deveria privilegiar "as medidas de alfaiate" em detrimento das "medidas pronto-a-vestir"... Era bonito... um sonho!

Foi há 13 anos que saí da universidade e lembro-me como se hoje fosse que, no regresso a casa, nos 50 km que distam de Beja a Messejana, eu me senti perdida... "Meu Deus, o que é que eu vou fazer??? Eu não sei fazer nada!!!" 
Não tinha experiência, não sabia nada, estava apavorada e desejava muito trabalhar, sair de casa dos pais, fazer-me á vida...

13 anos depois estou a trabalhar com o Rendimento Social de Inserção, deixei de acreditar na filosofia da coisa, trabalho que nem uma camela, vão-me reduzir o ordenado, vão deixar de pagar ajudas de custo e horas extrordinárias, os impostos vão crescer, não tenho gajo, não tenho filhos, e estou mais do que casada com o banco... e há para aí umas fundações que andam a afundar este quintal à beira mar instalado, e uns marmanjos montados em brutos jipes audi, chevrolet, bmw... e eu penso... mas que bosta... não há dinheiro???

13 anos depois... estou na mesma! Ou quase...

2 comentários:

  1. Em 13 anos perdem-se muitos sonhos e muda muita coisa na vida. Compreendo-a, mas eu continuo a acreditar na "filosofia da medida", acho é que andamos com grande falta de filósofos e que isso nem sequer é independente das outras coisas que agora a apoquentam.
    Na parte que me toca, adorei esses tempos em que se experimentava tanta coisa nova e se tentava abrir portas a todos os que queriam ajudar a pensar e a fazer inovação social.
    Este ano vai cinzento, mas a vida tem tantas fontes de luz, garanto.

    Cumprimentos
    Paulo Pedroso

    ResponderEliminar
  2. Caro Dr Paulo, obrigada pela sua ajuda! E digo-lhe sempre fui sua fã...
    Sabe porque deixei de acreditar?
    Porque se deixou de olhar para as pessoas e só se olha para números.
    Adoro o que faço e Serviço Social corre-me no sangue, faz parte de mim... mas deixei de ter tempo de o praticar, de o exercer, para diariamente ser economista, ou fiscal, ou gestora... eu que sempre detestei matemática!
    Depois, falta a palavra agradável dentro da "nossa casa laboral"... vivemos tempos conturbados, será???
    Eu não sou tão pessimista, não sou nenhum "velho do restelo"... mas sinto-me verdadeiramente "carne para canhão"!
    De qualquer das formas, deixe-me dizer-lhe que as medidas de alfaite NUNCA foram colocadas em prática por incapacidade das instituições locais...
    Mais uma vez, obrigada!

    ResponderEliminar

Se nada na nossa vida acontece por acaso... diga lá...

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.