Quantidade de Espreitadelas

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A Impontualidade do Amor...

"Estás sozinho. Tu e a claque do Flamengo. Em frente à televisão, devoras dois pacotes de  Doritos enquanto esperas que o telefone toque. Bem podia ser hoje, bem podia ser agora, um amor novinho em folha.

TRIIIIIMMMMMM!!!!
É a tua mãe, quem mais poderia ser? Nenhum Amor faz chamadas por telepatia. O Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar-te numa "fase galinha", sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa e tu nem reparas. Ou pode chegar tarde demais e encontrar-te desiludido com a vida, desconfiado, cheio de olheiras. O Amor dá "meia-volta, volver". Porque é que o Amor não chega na hora certa?

Agora, por exemplo, que estás de banho tomado e roupa lavada. Agora que estás a trabalhar, lavaste o carro e estás com dinheiro para um cinema. Agora que pintaste o teu apartamento, ganhaste uma moldura ou começaste a gostar de jazz. Agora que estás com o coração às moscas e morrendo de frio.


O Amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. Passas uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem te vê, e mal reparas em outro alguém que só tem olhos para ti. Ou então ficas de rastos porque não foste para a praia no fim de semana. E todos os seus amigos estão lá estão a divertir-se. Sentes-te um extra-terrestre perdido na cidade grande, e procuras refugio num clube de video, sem prever que ali mesmo irás encontrar a pessoa que dará sentido à tua vida. O Amor é como o corta-unhas, nunca está onde pensas.

O melhor é direccionar o radar para Norte, Sul, Leste e Oeste. O teu Amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar a consultar um livro numa livraria, pode estar a cantarolar sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando-te atenção. O Amor está em todos os lugares, tu é que não procuras como deve ser.

A primeira lição está dada: O AMOR É OMNIPRESENTE.
Agora a segunda: O AMOR É IMPREVISÍVEL.

Nunca esperes ouvir "AMO-TE" num jantar à luz das velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a "primeira vez". O Amor odeia clichet's. Tu vais ouvir "AMO-TE" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia em que tirares a carta de motorista, depois de teres sido aprovado no teste da baliza.

Idealizar é sofrer. Amar é surpreender."


Martha Medeiros

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