Entrevista com o Dr. Jorge Carvajal, médico cirurgião da Universidade de Andaluzia, Espanha, pioneiro da Medicina Bioenergética, por Prof. Dr. Maurício Paes Landim.
(...)
"O que podemos fazer para nos libertarmos da angústia?
Não podemos fazer passar a angústia a comer chocolate ou consumindo mais calorias, ou procurando um príncipe fora. A angústia só passa quando entras em teu interior, aceitas-te como és e reconcilias-te contigo mesmo. A angústia vem de que não somos o que queremos ser, muito menos o que somos, de modo que ficamos no "deveria ser", e não somos nem uma coisa nem outra. O stress é outro dos males de nossa época. O stress vem da competitividade, de que quero ser perfeito, quero ser melhor, quero ter uma aparência que não é minha, quero imitar. E realmente só podes competir quando decides ser um competidor de ti mesmo, ou seja, quando queres ser único, original, autêntico e não uma fotocópia de ninguém. O stress destrutivo prejudica o sistema imunológico. Porém, um bom stress é uma maravilha, porque te permite estar alerta e desperto nas crises e poder aproveitá-las como oportunidades para emergir a um novo nível de consciência.
O que nos recomendaria para nos sentirmos melhor com nós mesmos?
A solidão. Estar consigo mesmo todos os dias é maravilhoso. Passar 20 minutos consigo mesmo é o começo da meditação, é estender uma ponte para a verdadeira saúde, é aceder o altar interior, o ser interior. A minha recomendação é que coloquem o relógio para despertar 20 minutos antes, para não tomar o tempo das nossas ocupações. Se dedicares, não o tempo que te sobra, mas esses primeiros minutos da manhã (é nesta energia fresca do alvorecer ou da manhã bem cedo - até às 10h00 -, que se encontra a energia Yang curativa), quando estás rejuvenescido e descansado, para meditar, essa pausa vai-te recarregar, porque na pausa habita o potencial da alma.
O que é para si a felicidade?
É a essência da vida. É o próprio sentido da vida. Estamos aqui para sermos felizes, não para outra coisa. Porém, felicidade não é prazer, é integridade, é o que obtemos quando temos um sentido de plenitude dentro de nós em relação a tudo quanto existe e superámos a dualidade da existência: as coisas não são boas nem más, são apenas a Vida a acontecer. Quando todos os sentidos se consagram ao ser, podemos ser felizes. Somos felizes quando cremos em nós mesmos, quando confiamos em nós, quando nos empenhamos transpessoalmente a um nível que transcende o pequeno eu ou o pequeno ego. Somos felizes quando temos um sentido que vai mais além da vida quotidiana, quando não adiamos a vida, quando não nos alienamos de nós mesmos, quando estamos em paz e a salvo com a vida e com nossa consciência. Viver o Presente.
É importante viver no presente? Como conseguir?
Deixamos ir o passado e não hipotecamos a vida às expectativas do futuro, quando nos ancoramos no ser e não no ter, ou a algo ou alguém de fora. Eu digo que a felicidade tem a ver com a realização, e esta com a capacidade de habitarmos a realidade. E viver em realidade é sairmos do mundo da confusão.
Na sua opinião, estamos tão confusos assim?
Temos três ilusões enormes que nos confundem:
1º - cremos que somos um corpo e não uma alma, quando o corpo é o instrumento da vida e acaba-se com a morte;
2º - cremos que o sentido da vida é o prazer, porém com mais prazer não há mais felicidade, senão mais dependência... Prazer e felicidade não são o mesmo. Há que se consagrar o prazer à vida e não a vida ao prazer;
3º - ilusão é o poder. Desejamos o poder infinito de viver no mundo.. E do que realmente necessitamos para viver? Será de amor, por acaso?
O amor, tão trazido e tão levado, e tão caluniado, é uma força renovadora. O amor é magnífico porque cria coesão. No amor tudo está vivo, como um rio que se renova a si mesmo. No amor sempre podemos sempre renovarmo-nos, porque ordena tudo (este "ordena" não é no sentido de "dar ordens", mas sim de "pormos em ordem tudo dentro de nós"). No amor não há usurpação, não há transferência, não há medo, não há ressentimento, porque quando tu te ordenas, porque vives o amor, cada coisa ocupa o seu lugar, e então restaura-se a harmonia.
Não podemos fazer passar a angústia a comer chocolate ou consumindo mais calorias, ou procurando um príncipe fora. A angústia só passa quando entras em teu interior, aceitas-te como és e reconcilias-te contigo mesmo. A angústia vem de que não somos o que queremos ser, muito menos o que somos, de modo que ficamos no "deveria ser", e não somos nem uma coisa nem outra. O stress é outro dos males de nossa época. O stress vem da competitividade, de que quero ser perfeito, quero ser melhor, quero ter uma aparência que não é minha, quero imitar. E realmente só podes competir quando decides ser um competidor de ti mesmo, ou seja, quando queres ser único, original, autêntico e não uma fotocópia de ninguém. O stress destrutivo prejudica o sistema imunológico. Porém, um bom stress é uma maravilha, porque te permite estar alerta e desperto nas crises e poder aproveitá-las como oportunidades para emergir a um novo nível de consciência.
O que nos recomendaria para nos sentirmos melhor com nós mesmos?
A solidão. Estar consigo mesmo todos os dias é maravilhoso. Passar 20 minutos consigo mesmo é o começo da meditação, é estender uma ponte para a verdadeira saúde, é aceder o altar interior, o ser interior. A minha recomendação é que coloquem o relógio para despertar 20 minutos antes, para não tomar o tempo das nossas ocupações. Se dedicares, não o tempo que te sobra, mas esses primeiros minutos da manhã (é nesta energia fresca do alvorecer ou da manhã bem cedo - até às 10h00 -, que se encontra a energia Yang curativa), quando estás rejuvenescido e descansado, para meditar, essa pausa vai-te recarregar, porque na pausa habita o potencial da alma.
O que é para si a felicidade?
É a essência da vida. É o próprio sentido da vida. Estamos aqui para sermos felizes, não para outra coisa. Porém, felicidade não é prazer, é integridade, é o que obtemos quando temos um sentido de plenitude dentro de nós em relação a tudo quanto existe e superámos a dualidade da existência: as coisas não são boas nem más, são apenas a Vida a acontecer. Quando todos os sentidos se consagram ao ser, podemos ser felizes. Somos felizes quando cremos em nós mesmos, quando confiamos em nós, quando nos empenhamos transpessoalmente a um nível que transcende o pequeno eu ou o pequeno ego. Somos felizes quando temos um sentido que vai mais além da vida quotidiana, quando não adiamos a vida, quando não nos alienamos de nós mesmos, quando estamos em paz e a salvo com a vida e com nossa consciência. Viver o Presente.
É importante viver no presente? Como conseguir?
Deixamos ir o passado e não hipotecamos a vida às expectativas do futuro, quando nos ancoramos no ser e não no ter, ou a algo ou alguém de fora. Eu digo que a felicidade tem a ver com a realização, e esta com a capacidade de habitarmos a realidade. E viver em realidade é sairmos do mundo da confusão.
Na sua opinião, estamos tão confusos assim?
Temos três ilusões enormes que nos confundem:
1º - cremos que somos um corpo e não uma alma, quando o corpo é o instrumento da vida e acaba-se com a morte;
2º - cremos que o sentido da vida é o prazer, porém com mais prazer não há mais felicidade, senão mais dependência... Prazer e felicidade não são o mesmo. Há que se consagrar o prazer à vida e não a vida ao prazer;
3º - ilusão é o poder. Desejamos o poder infinito de viver no mundo.. E do que realmente necessitamos para viver? Será de amor, por acaso?
O amor, tão trazido e tão levado, e tão caluniado, é uma força renovadora. O amor é magnífico porque cria coesão. No amor tudo está vivo, como um rio que se renova a si mesmo. No amor sempre podemos sempre renovarmo-nos, porque ordena tudo (este "ordena" não é no sentido de "dar ordens", mas sim de "pormos em ordem tudo dentro de nós"). No amor não há usurpação, não há transferência, não há medo, não há ressentimento, porque quando tu te ordenas, porque vives o amor, cada coisa ocupa o seu lugar, e então restaura-se a harmonia.
Agora, pela perspectiva humana, nós o assimilamos com a fraqueza, porém o amor não é fraco.Enfraquece-nos quando entendemos que alguém a quem amamos não nos ama. Há uma grande confusão na nossa cultura. Cremos que sofremos por amor, porém não é por amor, é por paixão, que é uma variação do apego.
O que habitualmente chamamos de amor é uma droga. Tal qual se depende da cocaína, da heroína ou da morfina, também se depende da paixão. É uma muleta para apoiar-se, em vez de levar alguém no meu coração para libertá-lo e libertar-me.
O verdadeiro amor tem uma essência fundamental que é a liberdade, e sempre conduz à liberdade. Mas às vezes sentimo-nos atados a um amor.
Se o amor conduz à dependência é Eros. Eros é um fósforo, e quando o acendes ele se consome rapidamente em dois minutos e já te queima o dedo.
Há amores que são assim, pura chispa. Embora essa chispa possa servir para acender a lenha do verdadeiro amor. Quando a lenha está acesa, produz fogo. Esse é o amor impessoal, que produz luz e calor.
Pode dar-nos algum conselho para alcançarmos o amor verdadeiro?
Somente a verdade. Confia na verdade; não tens que ser como a princesa dos sonhos do outro, não tens que ser nem mais nem menos do que és.
Pode dar-nos algum conselho para alcançarmos o amor verdadeiro?
Somente a verdade. Confia na verdade; não tens que ser como a princesa dos sonhos do outro, não tens que ser nem mais nem menos do que és.
Tens um direito sagrado, que é o direito de errar; tens outro, que é o direito de perdoar, porque o erro é teu mestre. Ama-te, sê sincero contigo mesmo e leva-te em consideração. Se tu não te queres, não vais encontrar ninguém que possa te querer. Amor produz amor. Se te amas, vais encontrar amor. Se não, vazio.
Porém, nunca busques migalhas, isso é indigno de ti.
A chave, então, é amar-se a si mesmo. E ao próximo como a ti mesmo.
Se não te amas a ti, não amas a Deus, nem a teu filho, porque apenas te estás apegando, estás condicionando o outro. Aceita-te como és! Não podemos transformar o que não aceitamos, e a vida é uma corrente permanente de transformações."
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